É neste contexto que historicamente se alteram os padrões de acumulação, com o surgimento de novos – por vezes pela recombinação dos velhos – modelos de gestão capitalista, tendo em vista sempre um maior dinamismo no processo produtivo quando este dá sinais de esgotamento.
Este processo se intensificou globalmente nos anos 60 e início da década de 70, quando coube ao capital oferecer uma resposta que, ao mesmo tempo em que permitisse sua reestruturação, solucionasse superficialmente a crise sempre obedecendo os marcos do sistema e garantindo a manutenção de sua hegemonia. Desse modo, importantes transformações foram geradas a partir dos anos 70, com a posterior consolidação de um modelo político e econômico neoliberal, conduzindo a uma reformulação do papel do Estado na economia, combinado com um ciclo de privatizações sobre as empresas públicas.
Tal reestruturação foi possível a partir da transição dos padrões de acumulação até então dominantes – mas que se mostraram esgotados, cada um a seu tempo – o taylorismo e fordismo, para novas formas de acumulação flexibilizada, mediante inclusão de novas tecnologias e formas de organização e gestão do trabalho, o toyotismo, também denominado neofordismo ou, ainda, pós-fordismo.
Este estudo pretende traçar um panorama geral destas alterações engendradas pelo processo de reestruturação produtiva a partir da compreensão da maneira pela qual estas são subsidiadas por correspondentes modificações no âmbito jurídico, especificamente no que diz respeito ao Direito do Trabalho.
Nesse interim buscar-se-á compreender o papel do próprio Direito nas sociedades capitalistas, porém sem cair no equívoco de apartá-los – numa dicotomização entre Direito e Sociedade: o direito é uma forma necessária da sociedade capitalista e que surge em consequência de um determinado nível de desenvolvimento das forças produtivas e das relações sociais daí decorrentes. Este é o pressuposto, a ser aprofundado no presente trabalho, de que partirá o estudo do Direito do Trabalho através da análise do processo de reestruturação produtiva e reorganização da força de trabalho no capitalismo contemporâneo.